quarta-feira, 4 de março de 2015

Quarta Feira

Nasceu no dia quatro de abril de dois mil e quatro, era um domingo, mas se chamava Quarta-Feira, resolveu vir ao mundo na quarta parte do dia, que na verdade é a primeira, quatro da matina, no meio de uma feira. Seu pai era filho do peixeiro, dezessete anos, de um cavanhaque fino, juvenil; que supria um amor pela filha do vendedor de temperos, uma menina sardenta, de dezesseis, pura e doce, mesmo em meio uma família apimentada. O peixeiro vendia do outro lado da cidade na feira de segunda feira, e o moço dos temperos ia para um bairro festeiro vender nas feiras de domingo, mas a única feira que se viam, cara a cara, filha do Seu Zé Pimenta, filho da Dona Sardinha, era a feira de quarta feira, e daí proveio o nome, da menina que ninava ao som de ofertas de fruta, e roubava bananas da barraca...

sábado, 22 de junho de 2013

Apenas para nunca mais esquecer

Texto de um amigo, Fernando Petri. ...

terça-feira, 21 de maio de 2013

Chame como quiser.

Vocês são detestáveis, por que leem até agora? Por que não viram os olhos ou deixa-me em paz em meus pensamentos? Hã? Por que não leem seus livros mortais, suas páginas amarelas cravadas nas mãos? Por que não param de olhar no profundo de minhas feridas e não saem? Não tem o que ler? Não tem para onde fugir? Pois então guardem-se, protejam-se com seus guarda-chuvas de pudor, das fúrias das palavras que vomitarei, que cuspirei como brados, como fogo, pois quem invade minha mente em chamas, sai chamuscado ou morto. Se sai. Na vida tive apenas dois grados, a cachaça e a morte, com a cachaça tive filhas, sorri um bocado com os poucos dentes que me restavam, com a cachaça joguei conversa fora e sentei na sarjeta para escrever na terra com os dedos ossudos de velho, com a cachaça tornei-me vermelho...

tempestades atemporais.

Se na herança dos dias internos houver um momento belo que se salve, a eterna pergunta que se lança terá enfim sua resposta... Mas afinal, vai chover onte...

Não tenho saudades de casa.

-Eu já estive aqui alguma vez? - Ela disse e depois disso nunca mais quis voltar para casa. Para a sua casa. E por fim os médicos desistiram de reanimá-...

Alguma coisa acontece no meu coração.

Quando ele esteve lá, naquele carro, naqueles trilhos, queria apenas sentir o frio na barriga e o calafrio na espinha, queria apenas sentir-se de ponta cabeça, andar de costas, o vento, o tempo... Quando ele esteve lá, saltando daquela altura, sem saber o que lhe esperava abaixo, sem ver o que lhe esperava abaixo, além das nuvens, além de seus pés que não tocavam nada, se não ar. Quando ele esteve lá, a pedindo em noivado, sem se preocupar com as palavras que poderiam ser ditas, sem se importar com a porcentagem, a sorte ou o azar, nem quando esteve lá, naquele altar. Quando ele esteve lá, montado naquela motocicleta, atravessando fronteiras e pilotando sem rumo, buscando apenas um lugar manso para o seu coração, quando esteve lá, naquela beira de estrada, onde o sol tocava a terra seca e...

Embora foi, deixou pra trás... Vende-se um par de asas usados.

Lembro-me de quando ele tinha apenas cinco anos, ele mesmo se ninava, cantarolava baixinho, com a voz fraca e rouca as óperas que provavelmente naquele mesmo instante a mãe cantava no palco, ele ainda tinha medo de dormir sozinho, dormia na cama dos pais, onde apenas o pai jazia, já longe dali, em mundos onde as coisas pareciam ser mais fáceis e as respostas para o filho mais simples. -Por que ela foi embora? - Ele perguntou certa vez. -Por que passarinhos não podem cantar em gaiolas e ainda serem felizes....

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